Estava de pé, mas pedras escorregadias e olhava as águas escuras em torno de si. O vento morno soltava do coque alguns fios do seu cabelo ralo. Atrás dela, os sons da cidade ficavam abafados, silenciados pelo continuo bater da água em seus pés descalços. A não ser pelos siris que ela ouvia e sentia correrem pelas pedras, estava completamente sozinha ali – sozinha com os murmúrios do mar e a lua distante, fina como um sorriso no céu noturno. Até suas mãos estavam vazias, agora que as abriu e liberou os balões cheios de gás, observando ate que o ultimo deles tivesse sido engolido pela escuridão da noite. Suas mãos estavam vazias agora, vazias como o seu coração, que era como um coco cuja polpa tivesse sido arrancada.
Equilibrando-se com dificuldade nas pedras, sentindo a água que subia lambendo seus pés, a menina levantou o rosto para o céu negro retinto procurando uma resposta. Atrás dela, a cidade perdida e uma vida que naquele momento parecia fictícia e irreal. Á sua frente, o limite quase imperceptível onde o mar se encontra com o céu.
Olhou de novo para o céu procurando uma resposta. Mas a única coisa que conseguia ouvir era as batidas habituais do seu coração.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário