domingo, 28 de dezembro de 2008

Capitulo 31

Carolina sentou ao lado dele, redigiu palavras embaralhadas que se dava pra ver na expressão de Pedro sentido algum.
A única coisa que pensou e logo depois conseguiu pronunciar foi "caderno". E ele atendeu suposto pedido, passou o caderno a ela que começou a escrever tal carta que só foi lida 3 dias depois num ônibus de volta pra casa.


"Bem, não é que seus olhos não sejam lindos, mas é que não posso observa-los. Acredite nesta carta apesar de serem só palavras, quantos são os atores que ja reproduziram tudo isso de modo apenas a brincar no palco. Mas se eu pudesse, diria tudo isso a publico, não atuando, tão pouco lendo, apenas dizendo com você ai ouvindo, ao inves de estar não entendendo.
Criei um medo, como quando se cria uma planta. Desde a semente até o seu colher. E eu tenho colhido esse medo, esse tempo todo eu tenho carregado os frutos por ai. Não que eu queira, que eu não me canse de comer sempre a mesma coisa. Mas se é tudo o que eu tenho, acho que resolvi preservar. Até te conhecer, é claro.
Porquê alem de sentir todas aquelas coisas que eu senti, que eu já te disse debaixo da arvore no aniversario da Helen, eu queria jogar tudo fora, tudo que eu já construi, tudo que eu me tornei plantando e colhendo medo. Medo de perder algo, medo de arriscar, medo que me vissem por ai deixando de ser a independente atravessando a rua, com o seu orgulho brilhando atraves da blusa.
Então eu quase vomito e choro por pensar assim. Mas eu respiro fundo e esfregos as mãos, penso um pouco no que já construimos juntos nesse meio tempo e tudo passa e essa é a hora em que você esta indo embora mais uma vez. Eu sei que você vai voltar! Eu me sujeito a sorrir, os meus olhos se enxem d'agua. Você pode tardar mas, a luz da sacada vai estar acesa, a comida vai estar quente no forno e a roupa pronta. E eu prometo, vou sempre estar de braços abertos, talvez eu fique muda e desvie o olhar, mas você sabe, não é por falta de afeto, é o cegar do excesso dele que me fez o que eu sou hoje. Um pouco sem palavras, com todos os gestos.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

chiclete

e naquele dia em que borboletas azuis diziam bom-dia ao seu quintal, que o pôr-do-sol foi-se mais tarde, que a chuva levou um sorriso, e a saudade fez-se arrancar uma lágrima doída. nessa segunda feita pra viver, feita de esperanças, nesse dia que nunca voltará, no seu último ano de escola, no cheiro de pitanga nos cabelos e água de cheiro entre as orelhas, na angústia de uma ligação, no medo do alô e a aflição do beijo, no meio de tanta coisa confusa e embaraçada, entre as lacunas de palavras dispersas no ar, no coração na boca disparado quando escuta o nome, eu quis te entregar ao meu destino, quis escolher a nossa sorte. em meio ao meu excesso, com toda essa coisa de não entregar para não estragar, mas quer saber? eu quero gritar pra dizer que é você!