terça-feira, 29 de abril de 2008

de que caminho você vai seguir (e a melancolia)

Dito no bilhete deixado a cabeceira da cama debaixo do porta retratos virado pra baixo. "Há uma rua depois da esquina do café em que nós costumavamos ir, cheia de arvores, simpatica e familiar. Estou fazendo a minha vida ali numa casinha de tijolos marrons com janelas de madeira e cortina laranja. Volto a te escrever quando meu coração estiver livre. Ou preso demais."


Estou me libertando. (desilusão)

domingo, 20 de abril de 2008

a sombra do vento

e hoje é mais um daqueles domingos sem graça que eu penso no quanto eu não tenho mais nada pra pensar. dai eu começo a inventar várias histórias mais interessantes que meus pensamentos nesse dia chato. e como pensar demais me cansa de nunca chegar a nenhuma conclusão, ocupo a cabeça lendo. passo quase que a tarde inteira com meu livro, de pijama e descabelada, com uma preguiça imensa de tomar banho. mas como eu sou neurótica com cheiro, não consigo me concentrar em mais nada a não ser nesse cheiro de cigarro impregnado no meu cabelo. tomo um banho demorado esperando que meu tédio escorra pelo ralo e que como por encanto a alegria renasça em mim. e lembro da festa de ontem. e fico com raiva de mim mesma, porque eu insisto em não aceitar na minha intuição e vou para festas como aquela. cheia de gente vazia que vive maquiando uma felicidade que eles não tem com um beque bem dos vagabundos cantando reggae e achando que aquilo sim é viver. e eu fico entediada de tanta falta de caráter e me sinto culpada por exigir tanto da vida. e penso que essa hipocrisia de falsidade que a maioria das pessoas vivem é que deve ser a felicidade mesmo. e as minhas revoluções de pensamentos e tentativas de viver descentemente é que devem estar equívocas. depois me sinto patética me culpando de ser apenas uma realista careta que não fuma maconha. e cada vez mais eu me sinto sozinha mesmo com milhares de pessoas que se dizem meus amigos. e acabo aqui, só, escrevendo qualquer texto furado no meu quarto. e não vá pensar que eu sofro por ser uma estranha, neurótica e louca que pensa em coisas esquisitas. eu já me acostumei com a minha solidão a ponto de achar isso tão normal e não conseguir mais sofrer. eu deixei de me importar com que os outros possam se importar sobre mim. nunca fui uma padrão-comum idênticos a todas essas menininhas que querem se passar por 'virgens-sexy-inocentes'. eu não sou nenhuma santa, mas tenho meus princípios e sei do meu verdadeiro valor. sempre fui informada que se paga um valor por ser quem você é. então, por isso não me deixo abater, e dou graças a Deus pelo meu ser alto (mais do que eu gostaria), o que mostra que eu não sou nenhuma nota de 2 reais comum...

segunda-feira, 14 de abril de 2008

ambigüidade

Amei com sentido.
O que não foi reciproco.

terça-feira, 8 de abril de 2008

faixa branca

e eu que pensava que a vida já não tinha mais emoção. enquanto eu tomava meu café (expresso, duplo e açúcar sim, - pra adoçar a vida - por favor!) ainda meio morno. o novelo d'água desenrolava e batia na janela criando imagens e sonoplastia aos meus sentidos. a melodia das pontas dos meus dedos na mesa era o ritmo desacelerado que a minha vida tem se seguido. olho pela janela. perplexa. te vejo atravessar a rua. fico inerte. cada gota de chuva te atravessa feito agulha. procuro seus olhos sentidos de solidão. você anda pela chuva e nem faz questão de correr pra fugir (fugir de que mal lhe pergunto?). a vida corre. escorrega pelos bueiros esvaziando sua alma cansada. luta incessante contra o tempo esgota qualquer um. e você tomava aquela chuva doída como quem espera que ela lhe tire as dores, que lave e leve pra mais longe possível. se prendia numa estranha vontade de se dissolver junto com a água. seus passos medianos se faziam pesados ao andar. sua nuca grudava no seu cabelo liso. aquela foi a primeira vez que te vi. meu coração estagnado voltou a bater irregularmente. a ansiedade me fazia a boca seca. sugava da saliva um sossego de sentir. e um dia sem graça de chuva se transformou no dia que meu lado romântico nasceu da minha frieza de pedra. eu queria meus filhos com aquele jeito estranho, meio tortos e de cabelo liso (sou eternamente verde). me apaixonei pela linda dor que se mostrava seus olhos d'água.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Sinestesia

Coloridamente timido.Eu odiava seu jeito de andar e seus olhos. Suas botas e palavras eram estranhas, tiro certeiro. Foram tantas as vezes em que voltei pra casa pacificamente confusa. Era dia de sol, diferente nessa época do ano. Me arrastava inutilmente quando te vi, foi uma das coisas mais belas nos ultimos meses depois da eclipse. Ha duas prosopopeias na prosa.